Na vida muitas vezes encontramos situações nas quais sentimos muita raiva do nosso entorno. Por vezes reagimos de forma passiva, com reclamações constantes, mesmo tendo a consciência de que isso talvez não resolva os nossos problemas. Porém, outras vezes, esta raiva é expressa em forma de agressividade e violência, o que acaba por trazer a sua má fama e a classificação de “emoção ruim”.
No primeiro caso, em que a raiva contida cria uma pessoa que resmunga constantemente, parece até uma emoção “mal gasta”, que não nos auxilia em nada, uma vez que reclamar não favorece o processo de mudança. É fácil parar e reclamar: “ah, o outro faz isso, o outro faz aquilo… eu não aguento mais o outro”. É como pegar a energia e canalizá-la para uma direção que não nos diz respeito. O segundo caso é semelhante, uma vez que põe no outro a responsabilidade e, assim, a nossa vontade de agredir e destruir.
É verdade que sentir raiva não é agradável. As sensações físicas de calor no corpo, cabeça por explodir, punhos cerrados, mandíbula presa, só para citar algumas delas, são bem desconfortáveis de sentir.
PORÉM…
PORÉM…
PORÉM…
Emoções não são boas e nem más. As emoções são o que são e tem o seu propósito. Imagina se não fossemos capazes de lutar pela nossa proteção? Quantos abusos e quantas vezes não passariam por cima de nós? Quantas vezes não teríamos a nossa própria integridade afetada?
“A raiva nos ajuda na proteção, no estabelecimento de fronteiras e na remoção de obstáculos, nos mobilizando para o enfrentamento” (Mendes, 2022).
Ou seja, com a raiva, podemos assegurar o respeito por nós e ter energia para realizar as mudanças que devemos efetuar. Quando a raiva surge no sentido de nos orientar na direção que queremos, nos impulsiona e traz a força necessária para lutar pelo que é importante para nós, ela é muito bem-vinda e faz parte do nosso processo adaptativo.
Entretanto, quando a raiva surge descontextualizada, ou ainda aparece em forma de reclamação e/ou violência, sendo canalizada de maneira que não nos auxilia a mudar ou a resolver o nosso problema, é que podemos considerá-la problemática (Mendes, 2022).
Reconhecer os sinais que o nosso corpo dá sobre o nossos sentimentos e, especificamente neste caso, sobre a raiva, é importante para que tomemos as atitudes necessárias de modo a alcançar o objetivo de nos protegermos que a raiva suscita.
Assim, psicoterapia será norteada em 3 passos para o manejo da raiva:
Passo 1: aceitação da experiência emocional. É importante essa tomada de consciência para que aconteça a observação desse estado emocional. A evitação desse sentimento, ou o bloqueio dele vai na direção oposta ao processo terapêutico.
Passo 2: O que essa emoção comunica? Quais são os objetivos e as necessidades que essa emoção expressa? Como usar essa emoção para informar e mudar?
Passo 3: Regulação da emoção
“Tornar-se consciente da experiência emocional central e simbolizá-la em palavras providencia o acesso tanto à informação adaptativa, como também à tendência à ação que a emoção apresenta” (Greenberg, 2008) – Tradução livre
Ou seja, mesmo que a emoção seja considerada difícil e traga prejuízos notórios ao cotidiano da pessoa, estes princípios poderão nortear a experiência em psicoterapia.
Quando essa emoção aparecer, olhe para ela com curiosidade. Verifique o que ela quer te comunicar. Pergunte-se: expressar-me ou agir desta maneira me auxiliará no processo de resolução do meu problema ou irá aumentá-lo, fazendo do outro apenas um receptáculo da minha ira e não solucionando nada?
Tudo em rumo às mudanças que são desejadas e esperadas para uma vida emocional mais saudável e equilibrada!
Giuliana